Há
um bom tempo jogando xadrez e atuando como professor deste mesmo jogo,
freqüentei várias escolas de xadrez e fiz diversos cursos, sempre
buscando a melhoria em ambas atividades. Habituado a conviver nesse meio
esportivo e pedagógico, não encontrei profissionais engajados e
comprometidos, com didática e metodologia de ensino que fossem capazes
de estimular nas crianças o gosto pela aprendizagem e pelo prazer de
jogar.
Analisando
esses fatos, propus uma pesquisa de campo e bibliográfica com a
proposta de verificar e apresentar para a comunidade estudantil e
científica, uma visão pedagógica sobre o xadrez, haja vista o
crescimento do número de praticantes e de projetos de inserção do mesmo
nas unidades de ensino.
O
xadrez, na atual conjuntura, está se tornando muito popular e familiar à
comunidade escolar, uma vez que tanto os profissionais enxadristas como
os profissionais relacionados à educação, vêm aproximando o jogo dos
alunos das escolas públicas e particulares de todo o país. Entretanto,
ao efetivar a pesquisa junto a esses profissionais, comprovou–se o que
era levantado como dúvida: “os profissionais da educação e os
professores de xadrez estão inserindo esta atividade nas salas de aula
de forma adequada e estão suficientemente preparados para explorar todos
os benefícios que ela oferece”?
Segundo
o que pude constatar nessa pesquisa, além de os profissionais não
estarem devidamente capacitados, não enxergam as reais habilidades que o
jogo de xadrez pode auxiliar a desenvolver em crianças ou em qualquer
um de seus praticantes. A maioria vê o jogo de xadrez como uma arte
difícil de ensinar, mas acredito, baseado nas experiências que realizo
diariamente em sala de aula, que basta o professor se empenhar em
construir uma aula dinâmica e interessante que esse quadro pode ser
revertido facilmente. Outro ponto que merece destaque é que muitos
profissionais não encaram o xadrez como uma disciplina válida em sala de
aula; para eles o jogo de xadrez não passa de uma “brincadeira”
extracurricular, entretanto, o que não percebem é que esta atividade
lúdica traz muitos benefícios aos seus praticantes, como o
desenvolvimento do raciocínio lógico, estratégico e matemático.
Foi
diagnosticado, ainda, quão poucos profissionais conhecem a real função
do jogo de xadrez: auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.
Entretanto, apesar de acreditarem nisso, não sabem explicar o porquê.
Para outros, o xadrez é encarado como algo que não interfere ou até
atrapalha a aprendizagem do aluno.
Outro
problema detectado diz respeito à formação dos professores de xadrez
que precisa ser aprimorada, pois muitos deles detêm apenas os
conhecimentos básicos do jogo, o que não é desejável, uma vez que
compromete o nível de conhecimento próprio e, conseqüentemente, do
aluno. É evidente que não se pretende que o instrutor de xadrez seja um
‘expert’ ou um campeão mundial, mas espera–se que tenha condições de
oportunizar aos alunos o desenvolvimento das competências e habilidades
que este oferece, além de ser detentor de uma boa didática e de
conhecimentos básicos de Psicologia pois, através da ludicidade, está
trabalhando com a formação de valores e cidadania.
Hoje,
as escolas procuram diversificar a sua grade curricular, visando a
melhoria da educação e da formação dos alunos, e o xadrez é um dos
componentes mais procurados, por ser um excelente instrumento de
aprofundamento no processo de ensino-aprendizagem. Porém, sua inserção
nos meios escolares requer muito preparo e domínio de todos os
envolvidos, para que não incorramos no erro de analisar o jogo de xadrez
como um mero jogo, diversão ou atrativo financeiro, desperdiçando as
benesses pedagógicas que ele pode trazer. Pretendo que os resultados
desta pesquisa, que foram comprovados teoricamente, sirvam como eixo
norteador para projetos de implantação do jogo de xadrez em instituições
públicas ou privadas de ensino. Outrossim, desejo que os profissionais
que atuarão nesta área tenham uma formação adequada a fim de tirarem
dela o melhor proveito em benefício da aprendizagem dos educandos.
Publicado em 23/05/2006 15:55:00
Fonte: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=492
0 comentários:
Postar um comentário